OS HASIDIM E OS ESSÊNIOS

Apresentação

Antes de mais nada, os hasidim e os essênios eram um grupo de judeus conservadores.

Os hasidim apoiaram a Revolta dos Macabeus, mas na sequência divergências surgiram quanto a liderança do povo.

Como resultado, os hasidim não aceitaram a nomeação de asmoneus para o sumo sacerdócio.

Ou seja, para os hasidim, o cargo de sumo sacerdócio teria que ser ocupado por alguém da família sadoquita.

Desse modo, os hasidim romperam com as autoridades judaicas, sobretudo os saduceus e se exilaram.

O Exílio dos Hasidim

Antes de tudo, como dito acima, os hasidim era um grupo conservador, portanto, nos remetendo diretamente ao pensamento dos Fariseus.

Apesar disso, quando este grupo preferiu o exílio no deserto de Qumran, deu origem a outra seita chamada Essênios.

Ruinas de Qumran.

Fonte: Sopotnicki/Shutterestock

Os Essênios

Primeiramente, os Essênios formavam uma seita que se identificava como o verdadeiro Israel.

Em outras palavras, esta identificação era dada pelo próprios Essênios, ou seja, era assim que se viam.

Do mesmo modo diziam que preparavam os caminhos do Senhor e eram guiados por um “Mestre da Justiça”.

Além disso eram rígidos quanto à observância da Torá e dos rituais de purificação como afirma Hanson Horlsey, em sua obra “Bandidos, Profetas e Messias: Movimentos Populares no tempo de Jesus”.

Primordialmente, e isto será repetido adiante, esta seita não está descrita na Bíblia.

Acima de tudo, os Essênios ficaram conhecidos, principalmente, após a descoberta, em 1948, de manuscritos preservados em cavernas.

Fragmentos do 1QGen, 1Q29, textos encontrados em Qumran, no Mar Morto em 1948.

Disponível em: The Leon Levy Dead Sea Scrolls.

https://www.deadseascrolls.org.il/explore-the-archive/manuscript/1Q1-1?locale=en_US

Foram escritos pelos Essênios, que foram destruídos na Guerra Judaica e que esconderam os manuscritos nas cavernas do Mar Morto, o que os preservou.

Comprovação da Existência dos Essênios

Segundo o historiador Flávio Josefo há relatos, inclusive de sua convivência com membros deste grupo.

Logo, há uma prova testemunhal da existência desta seita.

Mas também, existe a descoberta em Qumran dos Rolos do Mar Morto que constitui prova incontestável da existência desta comunidade.

Fonte: The Leon Levy Dead Sea Scrolls

Acima, “O Grande Fragmento de Isaiás”, denominado fragmentos de 1QIsa, datado de 100 a.C.

Este fragmento foi um dos sete manuscritos primeiramente descoberto por Beduínos no deserto de Qumran, em 1948.

Definitivamente, esta descoberta comprova historicamente e cientificamente a existência desta comunidade, pois foram escritos pelos Essênios.

No que os Essênios Acreditavam

A primeira vista, todas as normas estavam escritas no Manual de Disciplina (1QS), dirigido aos membros da comunidade.

Do mesmo modo, os Essênios esperavam a vinda de três figuras escatológicas:

  1. O Profeta; 2. O Messias real; e 3) O Messias sacerdotal.

O texto de 1QS 9,10-11 deixa isso claro:

“(…) mas eles serão governados pelas primeiras regras, pelas quais os homens da comunidade começaram a ser instruídos, até a vinda de um profeta e dos Messias de Aarão e de Israel”. (FITZMYER, J. Aquele que há de vir. São Paulo: Edições Loyola, 2015, p.105).

Como Viviam os Essênios

A princípio, os Essênios formavam uma curiosa comunidade religiosa judaica, rígidos com o cumprimento das Leis.

Assim, os Essênios viviam em comunidades espalhadas em cidades da Judéia.

Mas, devido a discordância, já mencionada, com as autoridades judaicas, a maioria dos seus membros devia viver realmente no Deserto.

João Batista era Essênio

Vimos que por não concordarem com as questões religiosas pregadas pelo Sinédrio, provavelmente a maioria dos Essênios preferiu viver isoladamente.

De antemão, também não se pode perder de vista que o termo Essênios não se encontra na Bíblia.

Ainda assim, muitos estudiosos acreditam que João Batista era um dos líderes religiosos deste grupo.

Bem como alguns acreditam que Jesus Cristo também era Essênio, uma vez que foi batizado por um dos seus líderes.

Esta lógica está presente na passagem descrita por Mateus 3:4 ao dizer que João Batista usava pelos de camelo como roupa.

Assim como descreve no mesmo versículo a alimentação de João Batista a base de gafanhotos e mel silvestre.

Notadamente, este comportamento descreve uma pessoa em isolamento e com pouca ou nenhuma atenção aos cuidados pessoais.

Juntamente com Marcos (Marcos 1:6) que repete tal afirmação, é possível concluir pelos hábitos de João Batista que ele era Essênio.

Os Essênios e o Sinédrio

Antes de tudo, eram os Saduceus e os Fariseus que disputavam o controle do Sinédrio.

Contudo, também conviviam várias seitas judaicas condenadas pelo conselho dos sacerdotes, destacando aqui os Essênios.

Então, perfeitamente crível que, na época do Novo Testamento, os Essênios exerciam muita ou alguma influência sobre o povo.

Em contrapartida, eram grandes opositores das autoridades judaicas que comandavam o Sinédrio.

Curiosidade

Há um texto chamado Hino da Autoglorificação (4Q491 11 i) que leva a supor que havia uma figura na comunidade que se considerava Messias.

Era assim considerado pela comunidade devido a trechos como:

“Quem é como eu entre os anjos? Sou bem-amado do rei, um companheiro dos santos”.

Os estudiosos Israel Knohl e Michael Wise popularizaram a tese de que esse Messias ao qual o cântico se referia era o mestre da Justiça e que influenciou no movimento messiânico de Jesus.

Atualmente, essa opinião não é majoritária no mundo acadêmico, como afirma J. FITZMYER, na sua obra Aquele que há de vir. 

Os Fariseus

Em primeiro lugar, concluímos que dos hasidim também surgiram os Fariseus.

Ainda mais porque as duas seitas tinham o respeito e compromisso com a Torá como características principais.

Da mesma forma, os Fariseus também formavam uma corrente político-religiosa que, ao invés de se retirar para o deserto como os Essênios, queriam a aplicação rigorosa da Lei na sociedade judaica.

De acordo com o historiador Flávio Josefo, os Fariseus já existiam como partido político durante os reinados de João Hircano, Alexandre Janeu e Alexandra, como aponta Köester, em seu livro Introdução ao Novo Testamento 1: História, cultura e religião do período Helenístico.

Igualmente, Flávio Josefo também afirmou que:

(…) os fariseus transmitiam ao povo certas regras de gerações mais antigas que não estavam escritas na Lei de Moisés. (Antiguidades 13.297 apud HORSLEY, R. HANSON, J. Bandidos, Profetas e Messias: Movimentos Populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus,1995, p. 41).

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