Os Hábitos Alimentares do Novo Testamento
Logo de início, as referências a alimentos e refeições no Novo Testamento combinam características das práticas greco-romanas com tradições religiosas judaicas.
Este fato é observado sobretudo nos Evangelhos.
Hábitos Greco-Romanos
Entendemos, em síntese, que as refeições públicas, ou banquetes, proporcionavam um importante local de encontro social e religioso.
Isto porque estas refeições definiam e proporcionavam comunhão. Neste sentido, vejamos esta passagem bíblica:
Como se observa, pela companhia nas refeições surgia o testemunho a favor ou contra uma pessoa. (Veja neste sentido “O Concílio de Jerusalém“).
Em segundo lugar, a refeição era seguida por um período de música ou de conversas prolongadas.
Por fim, a postura normal para comer, de acordo com o hábito greco-romano, era reclinado para um dos lados.
Hábitos Judaicos
Entretanto, a maioria das práticas alimentares que vemos nos Evangelhos era derivada do judaísmo.
Deste modo, dos ensinamentos religiosos judaicos registram em primeiro lugar, a santidade dos alimentos.
A alimentação no judaísmo era orientada pela interpretação do curioso e complexo sistema Kosher.
Em outras palavras, as comidas eram preparadas de acordo com os preceitos religiosos judaicos.
Assim, os animais servíveis à alimentação eram aqueles que ruminavam e tinham os cascos divididos em dois.
Da mesma forma, os peixes com escamas e barbatanas e certos tipos de pássaros também eram permitidos.
Alimentos Proibidos na Bíblia
Por outro lado, a Bíblia proibia determinados tipos de comidas consideradas pagãs ou adquiridas por meios cruéis.
Por exemplo, o consumo de carne tomada de um animal ainda vivo ou de um animal achado morto, era impensável.
Curiosamente, também era proibido o consumo de sangue ou de um cabrito ou filhote cozido no leite da própria mãe.
Acreditamos que peixes que não possuíam escamas, também eram proibidos.
De Onde Vinha a Proibição Bíblica
Primordialmente, a proibição bíblica de relacionamento com os pecadores foi desenvolvida ao longo da tradição judaica como uma advertência contra esta relação imprópria ou excessivamente íntima com os maus.
Esta preocupação era vista com evidencia e especialmente na hora da refeição.
A Rigidez do Sistema Levítico
As exigências do sistema levítico de pureza alimentar limitavam, quase impossibilitavam, refeições compartilhadas entre judeus e gentios (Ver definição de Levítico em Wikipedia).
Neste sentido, os Fariseus interpretavam rigorosamente as Escrituras, contrapondo os ensinamentos de igualdade e de amor proferidos por Jesus.
Além disso aplicavam a própria mesa da comunhão até mesmo as mais elevadas restrições de pureza do templo.
Desse modo, os fariseus tentavam fazer suas refeições em um estado de pureza ritual semelhante ao dos sacerdotes.
O objetivo era a de consagrar a vida de Deus.
A Importância das Práticas Alimentares no Novo Testamento
A princípio, os intérpretes apresentam várias explicações para as leis alimentares judaicas.
Enquanto alguns sustentam que as refeições foram planejadas antes de tudo por questões de higiene e de boa saúde.
Ao contrário, outros argumentam que a fuga às práticas idólatras era a razão principal das leis de purificação.
Por outro lado, outros ainda entendem que essas leis funcionavam como simples limite artificial para lembrar os judeus de que eles eram diferentes dos gentios.
Contudo, na questão puramente cultural, a maioria dos judeus parecia acreditar que essas restrições eram uma expressão concreta e diária de santidade.
Desse modo, a santidade também era expressada nas refeições judaicas, do mesmo modo que dar o dízimo, por exemplo.
Isto era equivalente a recitação de bençãos antes e depois de cada refeição e a observação de cada festa no calendário litúrgico por meio de comidas diferentes preparadas de maneiras diferentes. Tudo fazia parte da santidade.
Conclusão
Concluindo, essa realidade histórica, unida a imagem profética herdada pelo povo, conduziu ao conceito messiânico em que o justo desfrutaria a hospitalidade de Deus no tempo futuro, por Ele preparado.
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