Quem Eram os Saduceus?

Quem eram os Saduceus?

Primeiramente, os saduceus formavam o principal grupo de liderança religiosa em Israel. Liderança que era compartilhada apenas com os Fariseus.

Insta dizer que é comum ainda hoje confundirmos estas duas figuras, saduceus e fariseus como se fossem um mesmo grupo.

E qual a importância de se conhecer sobre os saduceus e a diferença entre os fariseus?

Como dissemos em nossa página inicial, como uma pessoa pode dizer que conhece a Bíblia sem conhecer a época e as pessoas que participaram dela.

Foram as lideranças religiosas judaicas quem incitaram o povo a condenar Jesus Cristo.

Não conhecer estas lideranças é não conhecer as circunstâncias da condenação.

Por este motivo vemos pessoas, inclusive pastores, especulando sobre a condenação de Jesus Cristo e ensinando o texto bíblico de forma errada.

Inicialmente, os saduceus, do grego Σαδδουκαιος (Saddoukaios), “eram uma seita ou um grupo de judeus presente na Judeia durante o período do Segundo Templo, desde o século II a.C. até a destruição do Templo em 70 d.C. (Fonte: Wikipedia).

Escrita hebraica. Língua que prevalece no Antigo Testamento. Diferentemente do Novo Testamento escrito em grego. Fonte Shutterstockat Jackey

Antes de mais nada, os saduceus era um grupo que acreditava intensamente na lei de Moisés e na pureza e rigidez levítica.

Bíblia Sagrada. Fonte acervo pessoal do autor.

Ainda assim, com relação a interpretação das leis mosaicas, os saduceus eram mais práticos que os fariseus, por exemplo.

Representavam uma casta aristocrática que tinha por finalidade o poder político, e para eles era impensável a perda deste poder, como se verá adiante.

Por fim, destacamos que este texto destaca a opinião do autor, admitindo-se pensamentos discordantes, principalmente no que tange as figuras de Nicodemos e de José de Arimateia, como se verá ao final.

Características sobre os Saduceus

Curiosamente, os saduceus confiavam mais na lógica do que davam importância a fé.

Do mesmo modo, não acreditavam que todo o Antigo Testamento era a “Palavra de Deus”.

Igualmente, os saduceus não acreditavam em uma ressurreição física.

⁶ E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado.
⁷ E, havendo dito isto, houve dissensão entre os fariseus e saduceus; e a multidão se dividiu.
⁸ Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa.

Atos 23:6-8

O texto acima, ajuda a entender o diálogo entre Jesus Cristo e Nicodemos que será visto ao final.

Historicamente, os saduceus estavam dispostos a fazer concessões em relação aos seus valores para manterem a posição de poder.

Interesse Político ou Religioso

No tempo de Jesus uma mudança social fez com que os saduceus ficassem mais interessados pela política do que pela religião propriamente dita.

De acordo com os relatos históricos, esta mudança ocorreu pela necessidade e ambição dos saduceus em manter o apoio romano a partir da conquista da Palestina pelo Império.

Assim, os saduceus, para manterem a liderança e autoridade no Sinédrio, passaram a adotar uma postura política com os romanos.

Como resultado, o próprio julgamento e condenação de Jesus que foi um ato totalmente político, deixa clara esta posição dos saduceus.

Relação dos Saduceus com os Fariseus

Definitivamente, saduceus e fariseus eram grupos opositores e com certo grau de ódio entre si.

Constantemente havia desconfiança entre um grupo e outro na busca de uma melhor posição política na sociedade judaica.

Os fariseus, contudo, tinham um maior apoio popular, pois diziam-se mais cumpridores e obedientes aos Mandamentos de Deus, induzindo o povo a acreditarem em sua liderança, daí porque Jesus os chamava de hipócritas.

Por outro lado, no julgamento de Jesus, ambos os grupos fizeram uma aliança de ódio para conseguirem a condenação, pois Jesus era considerado uma ameaça à liderança religiosa dos dois grupos. Neste momento surgem as figuras de Nicodemos e José de Arimateia que divinamente tentavam apoiar as mensagens de Jesus Cristo.

Em outras palavras, saduceus e fariseus deixaram de lado a religião, para condenarem Jesus politicamente.

Importante destacar que a condenação do ponto de vista moral, sem o aspecto religioso, configurou um ato contrário as próprias escrituras.

Segundo os fatos, saduceus e fariseus caluniaram Jesus Cristo para conseguirem também a condenação perante as leis romanas.

Relação dos Saduceus com o Sinédrio

Sinédrio era o tribunal criminal, político e religioso, considerado “o guardião da tradição religiosa judaica” na Palestina.

Como mencionado, apesar da dominação romana, havia um “acordo” entre os romanos e os líderes religiosos judeus na Palestina, ou seja, o Sinédrio.

Nesse sentido, o Sinédrio não tinha uma unanimidade em termos de religião.

Desta forma, vários grupos religiosos atuaram nesse período, contestando concepções religiosas e políticas.

Entre estes grupos, os saduceus tinham papel de destaque, sobretudo porque eram aristocratas que ocupavam cargos poderosos.

Por exemplo, eram os saduceus que ocupavam os cargos de primeiro sacerdote e sumo sacerdote, formando a maioria do Sinédrio.

Em suma, os saduceus possuíam uma posição privilegiada na sociedade judaica e procuravam manter esta posição por meio de acordos com os romanos. Em contrapartida, estes acordos geravam grande insatisfação com os indivíduos das classes mais baixas, que compartilhavam interesses comuns com os fariseus.

Cena da Série “The Chosen”, em que Nicodemos veste-se como uma pessoa do povo, possivelmente um fariseu, para encontrar Maria Madalena após ela ser curada por Jesus.

Quem eram os Saduceus na Bíblia?

Mas afinal, quem eram os saduceus na Bíblia?

Como dito na introdução desta matéria, há confusão entre as figuras dos saduceus e fariseus.

Nicodemos

Cena da Série “The Chosen”. Nicodemos é Interpretado pelo ator Erick Avari.

Podemos destacar dois exemplos mencionados no texto sagrado. O primeiro diz respeito a Nicodemos, onde encontramos um diálogo em João 3, cujo trecho é transcrito abaixo:

¹ E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

² Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

³ Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

⁴ Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

⁵ Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

⁶ O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

⁷ Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.

⁸ O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

⁹ Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?

¹⁰ Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?

¹¹ Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.

¹² Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?

¹³ Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.

¹⁴ E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado;

¹⁵ Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

¹⁶ Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

¹⁷ Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

¹⁸ Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

¹⁹ E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.

²⁰ Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

²¹ Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

João 3:1-21

Na passagem, destaca-se logo de início, a identificação de Nicodemos como fariseu, no entanto, um melhor estudo pode trazer questionamentos a respeito.

Nicodemos foi colocado como fariseu, mas as características de seu personagem são muito mais identificadas como um saduceu.

Voltamos a dizer que não se trata de um erro na Bíblia, mas uma colocação generalizada, como se disséssemos que todos que moram no Rio de Janeiro são cariocas. Mas no Rio de Janeiro moram cariocas, paulistas, portugueses, chineses e pessoas de muitas outras regiões do Brasil e de outros países.

Outro aspecto curioso, era que os fariseus eram melhores vistos pela população judaica do que os saduceus, o que levava estes a muitas vezes se despirem de suas vestes mais “ornamentadas”, para transitarem de maneira mais livre pelo meio do povo.

Vejam que os fariseus acreditavam na vida após a morte, e no texto bíblico destacado acima, vimos Nicodemos questionar o renascimento, posição claramente defendida pelos saduceus.

Estudos revelam ainda, que Nicodemos era uma espécie de governador, título comum entre os mais importantes membros do Sinédrio. Em outras palavras, Nicodemos era um líder dos judeus.

Esta influência fica bem clara em João 7, abaixo transcrito, quando Nicodemos defende Jesus Cristo. Uma figura de menor importância no Sinédrio jamais ousaria fazer isto.

⁵⁰ Nicodemos, que era um deles (o que de noite fora ter com Jesus), disse-lhes:

⁵¹ Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?

⁵² Responderam eles, e disseram-lhe: És tu também da Galileia? Examina, e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu.

João 7:50-52

De forma que Nicodemos era um mestre em Israel, fazia parte dos chamados doutores da Lei.

Ao analisar as escrituras, verificamos também que Nicodemos era um homem de posses:

¹ E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

João 3:1

³⁹ E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.

João 19:39

Então, veja-se, pelo seu poder “financeiro” e pela sua titularidade, percebe-se que Nicodemos possui mais características como saduceu do que como fariseu.

José de Arimateia

Incialmente, havia uma relação de amizade entre José de Arimateia e Jesus Cristo.

Podemos entender, do ponto de vista cristão, José de Arimateia como mais uma providência sábia na escolha de quem estará servindo a Deus.

José de Arimateia não pode ser considerado apenas um seguidor ao acaso. Além disso, a sua crença em Jesus reforça a sua missão.

Desse modo, verificamos uma ligação espiritual que levava José de Arimateia a agir de forma excepcionalmente corajosa nos momentos cruciais da vida de Cristo aqui na Terra.

Assim, José de Arimateia destaca-se como uma grande e importante testemunha de Jesus Cristo.

De acordo com o texto bíblico, os fariseus eram hipócritas. José de Arimateia não se enquadrava neste conceito.

Restos de um Sepulcro na Sefalá, em Israel. Fonte Bíblia de Estudos Arqueológicos, p. 1.618.

Além disso, José de Arimateia foi um homem rico e membro do Sinédrio, sendo uma pessoa influente e respeitada, com livre acesso ao governador romano, Poncio Pilatos, o que demonstra o seu prestígio político.

⁴³ Chegou José de Arimateia, conselheiro honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.

Marcos 15:43

³⁸ Depois disto, José de Arimateia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.

João 19:38

⁵⁹ E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol,

⁶⁰ E o pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se.

Mateus 27:59,60

Jerusalém. O Jardim do Sepulcro. Fonte Bíblia de Estudos Arqueológicos, p. 1.615.

Concluindo, José de Arimateia, tal qual Nicodemos, pertencia, na opinião deste autor, ao grupo dos saduceus.

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