1. APRESENTAÇÃO

Em primeiro lugar, um dos personagens mais emblemáticos durante a passagem de Jesus Cristo como homem foi João Batista.
¹³ Então veio Jesus da Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
¹⁴ Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
¹⁵ Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu.
¹⁶ E, sendo Jesus batizado, subiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
¹⁷ E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Ou seja, João Batista não só foi um dos primeiros a reconhecer o Messias, como presenciou a afirmação de Deus.
No decorrer desta matéria veremos como comprovar a existência de João Batista.
De igual modo, falaremos a respeito de sua origem, de como agia e pregava este profeta.
Ainda, no decorrer desta postagem, veremos que houve uma suposta controvérsia com o testemunho de João Batista.
Convido ainda o leitor a consultar o que foi escrito no “post Os Hasidim e os Essênios” que compõe esta página na parte que integra a “História do Cristianismo”, assim o comportamento de João Batista poderá ser melhor entendido.
2. COMO COMPROVAR A EXISTÊNCIA DE JOÃO BATISTA?
Desde já esclarecemos que nem sempre a comprovação de uma figura, principalmente bíblica, é feita de forma direta.
Eventualmente, buscamos estas comprovações por meio de relatos escritos, como se fossem testemunhas daqueles fatos, que são analisadas juntamente com outros elementos que direcionam e levam a conclusão lógica da existência daquela pessoa que procuramos comprovar.
Desse modo, provamos aqui a existência de João Batista por meio dos relatos do historiador Flávio Josefo e por meio da comprovação da existência do seu algoz, o rei Herodes.
É importante esta comprovação porque João Batista foi precursor de uma das principais passagens bíblicas que comprovou a natureza de Jesus como Messias.
- 2.1. A Comprovação de João Batista no Tempo
Antes de tudo, de acordo com o texto bíblico, foi Herodes quem mandou matar João Batista.
Dessa forma, provando-se a existência de Herodes é possível comprovar o período em que João Batista viveu.
Nesse sentido, arqueólogos comprovaram a existência do mausoléu do rei Herodes, o “Herodium”.
Esta descoberta arqueológica revela a veracidade da narrativa bíblica quanto a existência deste personagem.
O “Herodium” é a fortaleza que Herodes, o Grande, construiu. Trata-se do único local que leva o seu nome e foi onde o próprio rei escolheu para ser sepultado. Fica em uma colina ao sul de Jerusalém, no deserto da Judeia. Saiba mais em “A Palestina: da Galileia a Judeia”.

Analogicamente, sabendo-se o período em que o Rei Herodes viveu, situa-se no tempo histórico o período em que João Batista também viveu.
- 2.2. O Historiador Flávio Josefo
De antemão, a existência de João Batista é atestada pelo historiador Flávio Josefo em sua obra “Antiguidades Judaicas”.
Em outras palavras, o historiador confirma diversas narrativas bíblicas relacionadas a Herodes e João Batista, destacando a afirmação de que “o povo estava sempre pronto a fazer o que João ordenasse”.
Além disso, Flávio Josefo narra a prisão de João Batista e os motivos pelos quais ela teria ocorrido.
A princípio, a narrativa do Historiador difere um pouco dos textos do Novo Testamento, como se confere pelo teor de parte da obra que destacamos:
“Agora, alguns dos judeus pensaram que a destruição do exército de Herodes veio de Deus, e que foi muito justa, como uma punição contra o que ele fez contra João, chamado Batista. Pois Herodes o havia matado, embora ele fosse um homem bom, e ordenasse aos judeus que exercessem virtude, tanto na justiça uns com os outros quanto na piedade para com Deus, e assim viessem para o batismo. Pois a lavagem (com água) seria aceitável para Deus, se usada não para a remissão de alguns pecados, mas para a purificação do corpo; supondo ainda que a alma já estivesse purificada por meio da justiça. Ora, quando muitos outros vieram em multidões ao redor dele, pois estavam muito satisfeitos com as suas palavras, Herodes, que temia que tal influência sobre as pessoas pudesse levar a alguma sedição e rebelião, (pois pareciam prontos para fazer qualquer coisa que ele aconselhasse), acreditava que seria melhor preveni-lo antes que qualquer tentativa desse tipo fosse feita por ele, e pensou que, ao matá-lo, poderia evitar qualquer mal que ele poderia causar, e não trazê-lo vivo ao tribunal, para ser acusado. Portanto, ele foi enviado como prisioneiro, em consequência da suspeita de Herodes, para Machaerus, o castelo que eu mencionei antes, e lá foi morto.” (Antiguidades Judaicas 18.5.2 (116-119)).
Ainda que muitos coloquem dúvidas a respeito do texto de Flávio Josefo, e até mesmo da sua condição como um dos mais importantes historiadores da sua época, a história como ciência não está simplificada em uma única fala, mas em um contexto.
Apenas a “inconsistência” ou supostas contradições entre os textos, não afastam a comprovação, ao contrário, a solidificam, pois demonstram que não houve um texto intencionalmente projetado.
Portanto, a junção da historicidade do Rei Herodes, somado ao testemunho do historiador Flávio Josefo, comprovam a existência de João Batista.
3. RELAÇÃO DE JOÃO BATISTA COM OUTROS PERSONAGENS BÍBLICOS
Antes que tratemos da importância de João Batista na narrativa bíblica, vamos resumir a relação dele com as demais personagens.
João Batista era filho de Zacarias e Isabel, que era prima de Maria, mãe de Jesus.
Desde que seu pai, Zacarias, tomou conhecimento do nascimento de João Batista já devemos entender a sua importância para a vinda de Jesus Cristo.
Insistimos no convite ao leitor para ampliar os seus conhecimentos no nosso “post” intitulado “Os Hasidim e os Essênios”. Assim também será possível ampliar o entendimento dos motivos pelos quais João Batista se comportava segundo o que diz o Texto Sagrado.
- 3.1. Isabel, a Mãe de João Batista
Antes de mais nada, em sociedades como a antiga Israel, o valor de uma mulher era analisado pelos filhos que gerava.
Nesse sentido, o texto bíblico narra a esterilidade de Isabel, mãe de João Batista.
Apenas para contextualizar os fatos, certamente Isabel tinha problemas pessoais e de vergonha por ser estéril.
Desse modo, para Isabel, uma velhice sem filhos era um momento doloroso e solitário. Contudo, Isabel manteve-se fiel a Deus.
Para o cristão, o texto traz não somente o milagre de Deus, mas a afirmação de que as coisas acontecem no tempo Dele.
Notadamente, temos que considerar também que tudo que rodeava o nascimento de Jesus Cristo deveria ter notoriedade.
Portanto, a esterilidade de Isabel serviu aos objetivos de Deus, pois o nascimento de João Batista já carreava parte do que viria com o nascimento de Jesus.
- 3.2. Zacarias, o Pai de João Batista
Conforme estudos, tanto Isabel como Zacarias, pai de João Batista, eram de famílias de sacerdotes.
Então, está correto dizer que durante duas semanas, a cada ano, Zacarias ia ao Templo de Jerusalém para cumprir seus deveres sacerdotais.
Dessa forma, depois de uma dessas viagens, Zacarias voltou para casa entusiasmado, porém sem poder falar.
Imediatamente, ao chegar, escreveu suas boas notícias, ou seja, seu sonho de ser pai que se tornaria realidade.
Novamente, chamo a atenção para a necessidade de tornar notório todos os acontecimentos que estavam relacionados a vinda do Messias.
João Batista testemunhou o próprio Deus falando que Jesus era o seu filho amado, portanto, o seu nascimento também deveria ser baseado em uma ação divina.
- 3.3. A Relação entre Jesus e João Batista
Primeiramente, Isabel ficou grávida de João Batista, já sabendo que seu filho era um presente de Deus.
Do mesmo modo, em Nazaré, a aproximadamente 113 quilômetros ao norte de Jerusalém, Maria, a prima de Isabel, também ficou grávida.

Logo depois de tomar conhecimento de sua gravidez, Maria foi visitar Isabel e elas se sentiram fortemente unidas.
De forma que João Batista e Jesus de Nazaré eram como primos, de segundo grau.
Entretanto, João Batista foi designado por Deus para ser o profeta que atestaria a natureza divina de Jesus.
Não somente isto, João Batista ficou muito conhecido por suas pregações ao anunciar o retorno do reino de Deus.
Logo, não há como afastar a relação entre João Batista e Jesus. Uma relação determinada por Deus.
4. QUEM FOI JOÃO BATISTA NA BÍBLIA?
Acima de tudo, João Batista foi um personagem muito singular.

À primeira vista, seu comportamento é considerado “estranho”. Sobretudo porque segundo o texto bíblico, João Batista usava roupas estranhas e comia alimentos estranhos.
Mas João Batista pode ser chamado de o mensageiro indicado por Deus para anunciar a chegada de Jesus.
Quanto ao seu caráter, João Batista não fazia concessões, era rígido e verdadeiro.
Pregava mensagens incomuns aos habitantes da Judeia que iam até o deserto para estar com ele.
(Para saber mais sobre a Judeia leiam “Palestina: Da Galileia a Judeia” disponível na parte sobre a História do Cristianismo).
Apesar disso, para alguns estudiosos, João Batista não planejou este seu comportamento. Ele desejava a obediência, mas segundo o que entendia ser a determinação de Deus.
Seja como for, o anjo que anunciou o nascimento de João Batista foi especifico ao dizer que o menino seria uma pessoa consagrada ao serviço de Deus, ou seja, um nazireu.
Sob o mesmo ponto de vista, parece claro que João Batista sabia que tinha uma função específica no mundo.
Em suma, podemos afirmar pelas Escrituras que João Batista sabia que sua missão era anunciar a vinda do Salvador.
5. COMO JOÃO BATISTA PREGAVA

Conforme narrado acima, este homem de aparência “estranha” tinha o dom de falar com autoridade que atraia uma grande quantidade de pessoas.
O tema da pregação de João Batista era o arrependimento.
Constantemente, as pessoas se emocionavam com as suas pregações, porque sentiam nele a verdade.
Ressaltamos o caráter de obediência de João Batista. Juntamente com este caráter de ser obediente à Lei, ele desafiava a todos a abandonarem os seus pecados.
Então, batizava a todos com água, como sinal de arrependimento.
Ainda assim, mesmo diante desta autoridade, João Batista sempre afirmou que sua principal função era anunciar a vinda do Salvador.
6. DAS SUPOSTAS CONTROVERSAS NARRATIVAS BÍBLICAS

Primeiramente, analisemos o Evangelho de João:
³¹ E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água.
³² E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
³³ E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
³⁴ E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
Percebe-se que neste ponto o evangelista João revela que João Batista sabia que Jesus é o Messias.
Vejamos agora o que retratou Mateus:
² E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos,
³ A dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
⁴ E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
Conforme o texto bíblico expõe, pelo relato do evangelista Mateus, João Batista enviou dois dos seus discípulos a Jesus para lhe perguntar se Ele era o Messias.
- 6.1. Dúvida Providencial
Antecipadamente, o cristão deve estar atento as mensagens do ponto de vista divino.
Como resultado da suposta dúvida de João Batista no evangelho de Mateus, temos uma das principais passagens bíblicas que nos dão a certeza expressada por Jesus de que Ele é o Messias.
Afinal, “Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes” foi uma afirmação proferida pelo próprio Messias.
Logo, uma das formas de se entender a suposta dúvida é no sentido de transmitir a certeza aos cristãos a respeito da natureza divina de Jesus Cristo.
Dita pelo próprio Jesus Cristo.
Por outro lado, principalmente para os céticos, ateus e até mesmo agnósticos, o testemunho está sempre relacionado a interpretação de quem conta e no caso dos textos bíblicos, de quem ouve.
Neste aspecto, sugerimos a leitura do “post” já publicado, denominado a “Caligrafia de Paulo”. Era muito comum na época, que os textos fossem ditados e não redigidos pelos próprios autores.
Todavia, neste caso, não haveria uma contradição, mas uma interpretação diversa do evangelista.
Ainda mais porque o próprio evangelista Mateus escreveu o que ratifica os dizeres do evangelista João:
¹³ Então veio Jesus da Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
¹⁴ Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
¹⁵ Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu.
¹⁶ E, sendo Jesus batizado, subiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
¹⁷ E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
De forma que não poderia Mateus se contradizer e, neste caso, como consequência, não há contradição.
- 6.2. A Ideologia da Época a Respeito do Messias

Novamente convidamos o leitor a analisar o “post” “Os Hasidim e os Essênios”.
Segundo muitos entendiam à época, Jesus Cristo salvaria por meio da espada.
O povo judeu não entendia claramente a questão espiritual, o Salvador seria aquele que conduziria o povo à salvação física, derrotando os exércitos que os oprimiam.
João Batista pregava o arrependimento, pois o reino de Deus havia chegado.
Nesse ínterim, entre as pregações, João Batista esperava que a presença do Rei significasse a presença do reino, o que era também a expectativa de muitos judeus.
Com o tempo, os ensinamentos sempre no sentido do amor, tanto a Deus como ao próximo, foi “amolecendo” o coração dos judeus.
³⁶ Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
³⁷ E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
³⁸ Este é o primeiro e grande mandamento.
³⁹ E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
⁴⁰ Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
Como resultado, esta mudança de paradigma pode e deve ter gerado incertezas sobre a natureza de Jesus Cristo.
Contudo, a suposta dúvida de João Batista, neste sentido, serviu para confirmar o que o próprio João Batista pregava sobre a vinda do Messias.
7. CONCLUSÃO
Definitivamente podemos dizer que para João Batista defender a verdade era mais importante do que defender a própria vida.
Bem como que Deus não garante uma vida fácil ou segura àqueles que o servem, é necessário dedicação e abnegação.
A importância de João Batista foi dita por Jesus Cristo:
¹¹ Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele.
Apesar da observação acerca do menor no Reino dos Céus, Jesus afirma que não houve ninguém maior do que João Batista.
Em conclusão, se Jesus fez esta afirmação, não há como desdizer.